PM vai repetir ação desta terça em protesto sem trajeto, diz secretário

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira (13) que a polícia vai repetir a operação feita durante o ato de terça-feira (12) e impor o trajeto todas as vezes que os manifestantes não quiserem cumprir o caminho informado.

“Movimento que não informa o trajeto é o passe livre e quando isso acontecer, obviamente, nós vamos estabelecer o traçado e fazer de tudo e preservar milhões de pessoas que não estão participando da manifestação, como foi feito ontem [ato desta terça]”, disse.

“Venho novamente solicitar que as lideranças e o movimento MPL entrem em
contato com a Secretaria da Segurança Pública e as autoridades de trânsito para informar qual será o traçado para que nós possamos organizar o trânsito, o transporte e a segurança. Ganham com isso os manifestantes e a cidade que não terá baderna e vandalismo”, completou.

Segundo Luize Tavares, do MPL, a PM não pode pautar o trajeto. “No ano passado, a PM convidou o MPL para falar sobre os trajetos. Mas nós definimos o trajeto com quem está no ato, não com a polícia”, disse.

“Quando houve a repressão a gente percebeu que era uma emboscada, bomba atrás de bomba e o Centro cercado por policiais”, completou.

Nesta terça, o secretário já havia dito que os policiais militares lançaram bombas de efeito moral contra manifestantes porque eles tentaram “romper o bloqueio” montado pela PM (veja acima o momento em que as bombas explodem). A Polícia MIlitar explodiu as primeiras bombas na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação durante o 2º ato convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento das tarifas do transporte público.

São 2 mil pessoas tentando romper um bloqueio. Para que se evite a necessidade do confronto pessoal, para que se evite a necessidade do uso da força pessoal, que isso pode deixar os manifestantes machucados, foram usadas as bombas para dispersar”, disse. “As imagens são muito claras que mostram que houve investida dos manifestantes contra um bloqueio. Eles já estavam previamente avisados que não poderiam descer a Rebouças.”

Segundo Alexandre de Moraes, manifestantes mascarados, com mochila e mala serão revistados. “Nós gravamos as manifestações e vamos continuar com isso para um cruzamento de imagens. As pessoas que chegarem mascaradas, com mochilas e malas serão revistadas. Quem está mascarado, com mochila e mala não está indo se manifestar, não está indo exercer o direito de manifestação. Está procurando baderna, vandalismo.”, disse.

A Secretaria de Segurança Pública informou que treze pessoas foram detidas por práticas criminosas. As duas que portavam artefatos explosivos permanecem detidas. Um jovem foi autuado por ato infracional por porte de material explosivo. O adulto responderá pelo mesmo crime e ficará detido, à disposição da Justiça.

“Ontem nós apreendemos dois artefatos, duas bombas. Uma delas tinha entre uma dúzia e vinte pregos de 10 cm. O GATE fez um laudo e isolou uma área para explodir e verificar qual seria o efeito de devastação do artefato. Os pregos foram lançados num raio de 200 metros. Isso não é direito de manifestação. Quem leva isso para a manifestação e quer machucar outros manifestantes. É um criminoso, um bandido. A pena neste caso é de 3 a 6 anos”, disse Alexandre de Moraes.

O MPL afirmou na manhã desta quarta-feira (13) que houve “repressão forte e desnecessária” da Polícia Militar no início do protesto contra o aumento da tarifa do transporte público na noite desta terça-feira (12) na Avenida Paulista com a Rua da Consolação.

Segundo Luize do MPL, cerca de 20 pessoas feridas foram levadas a hospitais. A maioria delas foi encaminhada ao Hospital das Clínicas e alguns à Santa Casa. “Deve ter um número ainda maior de pessoas que não foram aos hospitais”, disse.

Houve dois casos de depredação, com vidros quebrados em uma agência bancária na Consolação e no Instituto Cervantes. A polícia diz ter apreendido duas bombas durante a manifestação.

Início e discussão do trajeto
A concentração começou de forma pacífica por volta das 17h na Praça do Ciclista. Antes do ato, a PM revistou manifestantes e chegou a deter um homem. Perguntados sobre o motivo, os policiais mostraram uma corrente que estaria com ele.

O policiamento foi reforçado no entorno da Praça do Ciclista. Policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) foram deslocados para a região. A Rua da Consolação foi fechada nos dois sentidos e a Avenida Paulista também acabou bloqueada na altura da Praça do Ciclista.

Os manifestantes decidiram seguir em caminhada pela Avenida Rebouças até o Largo da Batata, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. A PM havia sugerido trajeto pela Rua da Consolação até a Praça da República. Quando os manifestantes começaram a andar, os policiais montaram um cordão de isolamento na esquina da Paulista com a Consolação.

Alguns minutos depois, os policiais lançaram bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os manifestantes e houve muita correria. Em um vídeo gravado em um prédio na região e divulgado no Facebook é possível ver, a partir dos 20 minutos, as bombas lançadas contra os manifestantes.

Grupos tentaram se abrigar dentro dos prédios na região. A entrada da Estação Paulista do Metrô foi fechada. Manifestantes desceram as ruas da região e fizeram barricadas com lixo jogado nas vias.

Policiais cercaram e imobilizaram um manifestante em frente a um estacionamento na Rua da Consolação. Os policiais deram golpes de cassetete no jovem. Os PMs formaram um cordão em volta do detido. Jornalistas e manifestantes se reuniram para acompanhar a ação e a PM lançou gás de pimenta e bombas de efeito moral.

(Créditos: G1)