O SPFC virou o Brasil do PT e do PMDB. Em 10 pontos.

12

“Salve o Tricolor Paulista”.

A saudação histórica se transformou em pedido desesperado de socorro. Contra a perpetuação do poder, círculo vicioso, conchavos.

Politicalha, no dicionário e na vida real: ato político de exploração através do Estado em benefício de interesses pessoais ou grupos.

Entenda porque o São Paulo FC se transformou no Brasil do PT e do PMDB, em 10 pontos.

1) Inchaço da máquina administrativa: a partir da era JJ, o Tricolor paulista inflou de tamanho. Crescer planejado é muito diferente de inchar desordenado. Muitos apadrinhamentos, poucos merecimentos. Parafraseando o ex-presidente Fernando Casal De Rey: “precisamos de um resgate, a são-paulinidade imperava sobre os interesses pessoais e pequenos, que são os grupos (políticos)”.

2) Aparelhamento pela criação de cargos: o São Paulo bicampeão da América e do mundo, tinha uma diretoria enxuta, com presidência, vice-presidência e diretoria de futebol, diretorias da área social do clube e cerca de 500 funcionários, nos anos 90. Atualmente, são aproximados 900 funcionários. Além disso, a criação da vice-presidência de futebol a partir de Juvenal Juvêncio, que nunca gerou frutos de glórias, apenas, vexames e humilhações nos campos. Todos “VPs” fracassaram na função. Não é o cargo que ganha título, é a bola.

3) Juvenal Juvêncio, saudoso para muitos, era petista histórico. Gostava muito do ex-presidente Lula, aquele que hoje é alvo de investigação pelos crimes do PT. O espelho de modelo de governar foi um retrato do seu período à frente do Tricolor. Conquistas ocorreram no Tricolor e no Brasil de Luis Inácio, mas com um preço muito alto, a perpetuação do poder.

4) No cenário político nacional, Eduardo Cunha, o líder do PMDB que sempre foi base aliada do PT, criou um grupo dissidente e o enfrentamento político entre Câmara dos Deputados e Planalto, parou o Brasil. No SPFC, Carlos Miguel Aidar, sucessor de Juvenal Juvêncio, igualmente base aliada, também se rebelou contra o “sistema”. Com isso, sua administração confrontou um estado montado de coisas e pessoas, visando quebrar uma pirâmide de benefícios, por outra. Assim, derrubar Aidar se tornou ponto de honra para os partidários de JJ, assim como derrubar Cunha é missão mister dos conduzidos pelo governo federal. Independente dos seus atos vexatórios e indignos da tradição tricolor.

5) O Conselho são-paulino lembra muito o Congresso Nacional. Dos 240 conselheiros, 160 são vitalícios. Na Câmara e Senado, o que não faltam são mandatos estendidos. A renovação de 80 não é capaz de ocasionar uma mudança. O modelo administrativo é promíscuo, tanto lá em Brasília, quanto no Morumbi.

6) O PMDB trabalha como escudo do PT, desde 2003. O Conselho do SPFC trabalha (em sua maioria, salvo brilhantes exceções) como escudo da era Juvenal Juvêncio, desde 2011, quando da efetivação do terceiro mandato, via estatuto rasgado.

7) O mensalão, crime político que antecedeu o petrolão, minguou no Congresso pela ação da base aliada, que tinha o PMDB como principal engrenagem. Os crimes investigados do SPFC correm o risco de uma grande pizza também, fatiada entre aqueles conselheiros e dirigentes que apenas praticam a dança das cadeiras e são os mesmos, desde quando o Tricolor parou no tempo, a partir de 2009.

8) Criar o Soberano no SPFC foi ato arrogante, prepotente, ato de auto-julgamento inatingível. Reflexo do que pensa o ex-presidente da República, quando debocha das instituições da justiça nacional, diante das evidências dos seus ilícitos. Não existe soberania sem decência.

9) O Ministério Público precisou entrar em ação, tanto no Brasil do PT e do PMDB, quanto no SPFC dos “filhos” de Juvenal e Aidar, pelos atos cometidos nos últimos anos. A investigação Aidar-Ataíde segue curso paralelo na justiça, independente do que pensem e queiram, os mandatários são-paulinos. O SPFC precisa ser passado a limpo e auditorias bancadas pelo bilionário Abílio Diniz tentam fazer isso. O empresário, em carta, já disse da dificuldade em conseguir documentos. Recentemente, em ação da Polícia Federal, o Instituto Lula foi esvaziado antes da varredura interna. Vazamento, palavra que o são-paulino mais se acostumou a ouvir, nos últimos anos. A exposição da fratura exposta tricolor, o sensacionalismo, nada disso importa para aqueles que pretendem manter seus cargos em seus “gabinetes”, no Brasil e no São Paulo.

10) A oposição no Brasil é o PSDB, tucanos desalinhados e sem força política para derrubar o status quo. Tal qual a oposição são-paulina, onde grupos racham um modelo de ação e fiscalização que seriam fundamentais para o funcionamento da “máquina” com eficiência e eficácia. Fora aqueles que mudam de lado.

Deplorável.

Até quando teremos “os partidos” destruindo dentre os grandes, o primeiro?!

Com a palavra, o sentimento dos homens que mandam no Tricolor. Se é que este sentimento ainda existe, diante do fascínio pelo poder.

 

Saudações Tricolores

Siga-me no Twitter: @carlosport