Inflação permanece elevada este ano e começa a cair em 2016 , diz Tombini

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O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reafirmou ontem (24) que a inflação acumulada nos últimos 12 meses deve atingir seu pico neste trimestre, permanecer elevada em 2015 e começar a cair no próximo ano. “Em 2016, os números de inflação, empatados pelo realinhamento de preços relativos, cederão lugar aos valores que refletirão melhor o estado corrente das condições monetárias, levando a uma forte queda na inflação anual já nos primeiros meses do ano”, disse durante a 15ª edição do Prêmio Valor 1000.

Para Tombini, no contexto atual de crise, “a manutenção do atual patamar da taxa básica de juros, por um período suficientemente prolongado, é condição necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016”.

“Na fase em que estamos atravessando, quando ocorre simultaneamente queda da atividade e aumento da inflação, a percepção imediata dos agentes econômicos é naturalmente afetada pelos custos inerentes ao processo de ajustamento”, explicou. O presidente do BC afirmou que, à medida que a inflação cair e houver estabilidade econômica, haverá maior confiança desses agentes econômicos.

Segundo Tombini, a contribuição do Banco Centrall se dá, não somente pela condução da política monetária, mas também por sua ação para assegurar solidez e eficiência do sistema financeiro nacional”. Ele afirmou ainda que o sistema continua “bem capitalizado e líquido, com baixo índice de inadimplência, composto por instituições bem provisionadas e pouco dependentes de recursos externos”.

Sobre a economia internacional, o presidente do BC disse que ela continua crescendo em taxas moderadas e de forma desigual. “Nos Estados Unidos da América, um processo de normalização das condições monetárias prossegue de forma ordenada, embora os analistas estejam bastante divididos sobre o momento em que o banco central norte-americano, FED, aumentará as taxas de juros daquele país”.

Na Ásia, segundo ele, a transformação do modelo econômico chinês se mantém em curso, ainda que essa transição esteja sujeita a desafios. “Incertezas acerca da trajetória de crescimento da economia chinesa e de sua taxa de câmbio tem adicionado volatilidade aos mercados internacionais”, disse.

Para que o Brasil esteja bem posicionado nessa conjuntura global, Tombini afirmou que o país segue “a receita padrão de reforçar o arcabouço de política econômica para manter fundamentos macroeconômicos sólidos, notadamente o tripé formado por câmbio flutuante, política fiscal responsável e sistema de metas para a inflação”.

O presidente do BC fez ainda considerações sobre o momento atual da economia brasileira, destacando que as exportações devem assumir um papel crescente, como um fator de dinamismo econômico em 2015 e nos próximos anos, além do processo de substituição de importações por bens produzidos domesticamente, o que favoreceria tanto o saldo comercial como a atividade econômica.

“A construção de um futuro mais próspero requer ações em outras frentes, de forma a superar gargalos estruturais na produção, acelerar a taxa de crescimento da produtividade e ampliar a oferta da economia”, afirmou. Entre essas ações, Tombini citou o programa de concessões para melhoria da expansão da infraestrutura; programas voltados para o desenvolvimento de capital humano no Brasil; e reformas microeconômicas destinadas a melhorar o ambiente de negócios no país.

(Créditos: EBC)